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Você já parou para pensar como é feito o processo de recarga de extintores de incêndio? Aqueles cilindros vermelhos que vemos em empresas, carros, prédios e até dentro de ônibus passam por um processo bem técnico quando precisam ser recarregados. Muita gente acha que basta abrir, colocar o pó químico e fechar, mas a coisa é muito mais séria.
Além de ser uma exigência legal, a recarga correta de extintores é essencial para garantir a segurança de pessoas e patrimônios. Um extintor mal recarregado pode simplesmente falhar no momento mais crítico.
Neste artigo, vamos explicar o passo a passo desse serviço tão importante, como saber se está sendo feito da forma certa e o que você precisa observar ao contratar uma empresa especializada.
Quando é necessário recarregar um extintor?
O primeiro ponto a entender é quando um extintor precisa ser recarregado. Existem algumas situações específicas que exigem a recarga:
- Quando o extintor for utilizado, mesmo que parcialmente.
- Quando vencer o prazo de validade do agente extintor (geralmente de 1 ano).
- Quando for identificado algum vazamento ou perda de pressão.
- Após 5 anos, quando for necessário o chamado teste hidrostático.
Essas regras são determinadas pelo Inmetro e pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), principalmente pela NBR 12962 e NBR 15808.
A importância de escolher uma empresa certificada
Antes de falar do processo em si, é preciso deixar algo bem claro: a recarga de extintores só deve ser feita por empresas certificadas pelo Inmetro. Isso garante que a empresa segue os protocolos técnicos exigidos por lei e utiliza materiais de qualidade.
Infelizmente, ainda existem empresas clandestinas que reutilizam material vencido ou realizam recargas sem limpeza e sem aferição de pressão. Para evitar problemas, sempre verifique:
- Se a empresa tem selo do Inmetro atualizado.
- Se emite nota fiscal.
- Se o lacre do extintor é trocado.
- Se o cilindro volta com o selo de recarga visível e bem fixado.
Etapas do processo de recarga de extintores
Vamos agora para o ponto central: como é feita a recarga. O processo é bem técnico e deve seguir uma sequência rigorosa. Veja o passo a passo completo:
1. Recebimento e triagem do extintor
Assim que o extintor chega na empresa, ele passa por uma análise inicial. O técnico verifica:
- O tipo de extintor (água, pó químico, CO2 ou espuma).
- O estado físico do cilindro.
- A presença de ferrugem, amassados ou danos estruturais.
- A pressão interna, quando aplicável.
Caso haja dano físico grave, o cilindro é descartado, e o cliente precisa adquirir outro.
2. Abertura do cilindro e retirada do agente extintor
Depois da análise inicial, o extintor é cuidadosamente aberto. O pó químico, água ou CO2 é totalmente retirado. Esse material será descartado ou reutilizado conforme as normas técnicas e ambientais.
O resíduo é pesado e registrado, já que empresas sérias controlam tudo que entra e sai.
3. Lavagem interna e secagem
Essa etapa é fundamental. O interior do cilindro precisa estar limpo e seco para garantir o funcionamento correto do extintor.
- Utilizam-se jatos de ar comprimido e até solventes específicos, dependendo do tipo de agente extintor usado.
- No caso dos extintores de água ou espuma, a lavagem é feita com água e detergente.
Depois disso, o cilindro é colocado para secar completamente. Nem uma gota de umidade pode permanecer.
4. Inspeção da válvula e das roscas
A válvula, que é uma das partes mais importantes do extintor, também passa por inspeção:
- Verifica-se se o gatilho está funcionando corretamente.
- Avalia-se o estado da rosca de fechamento.
- Substituem-se anéis de vedação e gaxetas, se necessário.
Peças com desgaste são trocadas por novas, sempre originais.
5. Recarga com novo agente extintor
Agora sim é feita a recarga propriamente dita. Cada tipo de extintor recebe um produto específico:
- Pó químico seco (ABC ou BC) é dosado em quantidade exata com ajuda de balanças de precisão.
- Água pressurizada é adicionada com controle de volume e pressão.
- CO2 (gás carbônico) é transferido em tanques fechados sob alta pressão.
É importante que o material usado seja novo, dentro da validade e armazenado em condições ideais.
6. Pressurização e vedação
Após o preenchimento, o extintor passa pelo processo de pressurização. Isso é feito com nitrogênio ou com o próprio CO2, dependendo do modelo.
A pressão é aferida com manômetros calibrados. Se estiver fora do padrão, o extintor é esvaziado e refeito.
O cilindro é então vedado e lacrado. Esse lacre garante que o extintor não foi violado após a recarga.
7. Teste de estanqueidade
Antes de liberar o extintor para uso, faz-se um teste de estanqueidade. Isso serve para garantir que não há vazamentos.
O teste é feito com sabão ou líquido detector de vazamentos. Se surgir qualquer bolha de ar, o equipamento não é aprovado.
8. Etiquetagem, selo e pintura
Depois de tudo pronto, o extintor recebe uma nova etiqueta com os dados da recarga:
- Data da recarga.
- Nome e CNPJ da empresa responsável.
- Validade da próxima recarga.
- Tipo de agente extintor.
Além disso, muitos extintores passam por uma nova pintura, especialmente se houver desgaste ou riscos. Mas isso não é obrigatório.
9. Entrega e orientações ao cliente
O extintor é devolvido ao cliente com selo do Inmetro e certificado de garantia da recarga. O técnico também orienta sobre:
- Onde o extintor deve ser instalado.
- Quando deve ser feita a próxima manutenção.
- Como identificar sinais de problemas futuros.
Dicas para saber se o extintor foi recarregado corretamente
Muitas pessoas ficam em dúvida se o serviço contratado realmente foi feito da forma correta. Algumas dicas simples podem ajudar a identificar:
- Verifique se o selo do Inmetro está atualizado.
- Veja se há uma etiqueta nova de recarga com data, validade e nome da empresa.
- Confirme se o lacre está intacto e não parece reaproveitado.
- Observe o estado geral do extintor: ele deve estar limpo, sem ferrugem e com pintura em bom estado.
Se o extintor voltou igual ao que foi enviado, com os mesmos sinais de desgaste, é bom desconfiar.
Extintores com gás CO2: cuidados extras
O extintor de gás carbônico (CO2) tem algumas peculiaridades na recarga. Ele precisa de balança especial, pois não possui manômetro e é pesado antes e depois da carga.
Por ser altamente pressurizado (até 150 kgf/cm²), o risco de acidente é maior. Por isso, sua recarga deve ser feita com ainda mais atenção.
Além disso, o cilindro precisa passar por inspeção mais rígida, e qualquer rachadura ou desgaste invalida seu uso.
Qual a frequência da recarga?
Segundo a legislação vigente, o prazo de recarga dos extintores é o seguinte:
- Extintores de pó ou água: a cada 12 meses ou após uso.
- Extintores de CO2: a cada 6 meses para inspeção e a cada 12 meses para recarga, mesmo sem uso.
- Teste hidrostático: a cada 5 anos em qualquer tipo de extintor.
Ignorar esses prazos coloca em risco não só a validade do extintor, mas também a segurança do ambiente.
Multas e fiscalização
Empresas e condomínios que não mantêm os extintores em dia estão sujeitos a multas, interdição do local ou até responsabilização civil em caso de acidente.
A fiscalização pode ser feita por:
- Corpo de Bombeiros.
- Prefeitura.
- Ministério do Trabalho.
- Seguradoras (em casos de sinistro).
Por isso, manter a recarga em dia é mais do que uma boa prática. É uma exigência legal.
Recarga é diferente de manutenção
Um ponto que costuma confundir muita gente é a diferença entre recarga e manutenção de extintores.
A manutenção é um processo mais abrangente, que pode incluir:
- Inspeção geral do cilindro.
- Troca de componentes
- Teste hidrostático.
- Lavagem, pintura e substituição de peças internas.
Já a recarga é apenas a substituição do agente extintor por um novo. Em muitos casos, os dois serviços são feitos juntos, mas tecnicamente são diferentes.