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Passo a Passo da Recarga de Extintores: Como Funciona e o Que Observar

Crédito Imagem: pexels.com

Você já parou para pensar como é feito o processo de recarga de extintores de incêndio? Aqueles cilindros vermelhos que vemos em empresas, carros, prédios e até dentro de ônibus passam por um processo bem técnico quando precisam ser recarregados. Muita gente acha que basta abrir, colocar o pó químico e fechar, mas a coisa é muito mais séria.

Além de ser uma exigência legal, a recarga correta de extintores é essencial para garantir a segurança de pessoas e patrimônios. Um extintor mal recarregado pode simplesmente falhar no momento mais crítico.

Neste artigo, vamos explicar o passo a passo desse serviço tão importante, como saber se está sendo feito da forma certa e o que você precisa observar ao contratar uma empresa especializada.

Quando é necessário recarregar um extintor?

O primeiro ponto a entender é quando um extintor precisa ser recarregado. Existem algumas situações específicas que exigem a recarga:

  • Quando o extintor for utilizado, mesmo que parcialmente.
  • Quando vencer o prazo de validade do agente extintor (geralmente de 1 ano).
  • Quando for identificado algum vazamento ou perda de pressão.
  • Após 5 anos, quando for necessário o chamado teste hidrostático.

Essas regras são determinadas pelo Inmetro e pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), principalmente pela NBR 12962 e NBR 15808.

A importância de escolher uma empresa certificada

Antes de falar do processo em si, é preciso deixar algo bem claro: a recarga de extintores só deve ser feita por empresas certificadas pelo Inmetro. Isso garante que a empresa segue os protocolos técnicos exigidos por lei e utiliza materiais de qualidade.

Infelizmente, ainda existem empresas clandestinas que reutilizam material vencido ou realizam recargas sem limpeza e sem aferição de pressão. Para evitar problemas, sempre verifique:

  • Se a empresa tem selo do Inmetro atualizado.
  • Se emite nota fiscal.
  • Se o lacre do extintor é trocado.
  • Se o cilindro volta com o selo de recarga visível e bem fixado.

Etapas do processo de recarga de extintores

Vamos agora para o ponto central: como é feita a recarga. O processo é bem técnico e deve seguir uma sequência rigorosa. Veja o passo a passo completo:

1. Recebimento e triagem do extintor

Assim que o extintor chega na empresa, ele passa por uma análise inicial. O técnico verifica:

  • O tipo de extintor (água, pó químico, CO2 ou espuma).
  • O estado físico do cilindro.
  • A presença de ferrugem, amassados ou danos estruturais.
  • A pressão interna, quando aplicável.

Caso haja dano físico grave, o cilindro é descartado, e o cliente precisa adquirir outro.

2. Abertura do cilindro e retirada do agente extintor

Depois da análise inicial, o extintor é cuidadosamente aberto. O pó químico, água ou CO2 é totalmente retirado. Esse material será descartado ou reutilizado conforme as normas técnicas e ambientais.

O resíduo é pesado e registrado, já que empresas sérias controlam tudo que entra e sai.

3. Lavagem interna e secagem

Essa etapa é fundamental. O interior do cilindro precisa estar limpo e seco para garantir o funcionamento correto do extintor.

  • Utilizam-se jatos de ar comprimido e até solventes específicos, dependendo do tipo de agente extintor usado.
  • No caso dos extintores de água ou espuma, a lavagem é feita com água e detergente.

Depois disso, o cilindro é colocado para secar completamente. Nem uma gota de umidade pode permanecer.

4. Inspeção da válvula e das roscas

A válvula, que é uma das partes mais importantes do extintor, também passa por inspeção:

  • Verifica-se se o gatilho está funcionando corretamente.
  • Avalia-se o estado da rosca de fechamento.
  • Substituem-se anéis de vedação e gaxetas, se necessário.

Peças com desgaste são trocadas por novas, sempre originais.

5. Recarga com novo agente extintor

Agora sim é feita a recarga propriamente dita. Cada tipo de extintor recebe um produto específico:

  • Pó químico seco (ABC ou BC) é dosado em quantidade exata com ajuda de balanças de precisão.
  • Água pressurizada é adicionada com controle de volume e pressão.
  • CO2 (gás carbônico) é transferido em tanques fechados sob alta pressão.

É importante que o material usado seja novo, dentro da validade e armazenado em condições ideais.

6. Pressurização e vedação

Após o preenchimento, o extintor passa pelo processo de pressurização. Isso é feito com nitrogênio ou com o próprio CO2, dependendo do modelo.

A pressão é aferida com manômetros calibrados. Se estiver fora do padrão, o extintor é esvaziado e refeito.

O cilindro é então vedado e lacrado. Esse lacre garante que o extintor não foi violado após a recarga.

7. Teste de estanqueidade

Antes de liberar o extintor para uso, faz-se um teste de estanqueidade. Isso serve para garantir que não há vazamentos.

O teste é feito com sabão ou líquido detector de vazamentos. Se surgir qualquer bolha de ar, o equipamento não é aprovado.

8. Etiquetagem, selo e pintura

Depois de tudo pronto, o extintor recebe uma nova etiqueta com os dados da recarga:

  • Data da recarga.
  • Nome e CNPJ da empresa responsável.
  • Validade da próxima recarga.
  • Tipo de agente extintor.

Além disso, muitos extintores passam por uma nova pintura, especialmente se houver desgaste ou riscos. Mas isso não é obrigatório.

9. Entrega e orientações ao cliente

O extintor é devolvido ao cliente com selo do Inmetro e certificado de garantia da recarga. O técnico também orienta sobre:

  • Onde o extintor deve ser instalado.
  • Quando deve ser feita a próxima manutenção.
  • Como identificar sinais de problemas futuros.

Dicas para saber se o extintor foi recarregado corretamente

Muitas pessoas ficam em dúvida se o serviço contratado realmente foi feito da forma correta. Algumas dicas simples podem ajudar a identificar:

  • Verifique se o selo do Inmetro está atualizado.
  • Veja se há uma etiqueta nova de recarga com data, validade e nome da empresa.
  • Confirme se o lacre está intacto e não parece reaproveitado.
  • Observe o estado geral do extintor: ele deve estar limpo, sem ferrugem e com pintura em bom estado.

Se o extintor voltou igual ao que foi enviado, com os mesmos sinais de desgaste, é bom desconfiar.

Extintores com gás CO2: cuidados extras

O extintor de gás carbônico (CO2) tem algumas peculiaridades na recarga. Ele precisa de balança especial, pois não possui manômetro e é pesado antes e depois da carga.

Por ser altamente pressurizado (até 150 kgf/cm²), o risco de acidente é maior. Por isso, sua recarga deve ser feita com ainda mais atenção.

Além disso, o cilindro precisa passar por inspeção mais rígida, e qualquer rachadura ou desgaste invalida seu uso.

Qual a frequência da recarga?

Segundo a legislação vigente, o prazo de recarga dos extintores é o seguinte:

  • Extintores de pó ou água: a cada 12 meses ou após uso.
  • Extintores de CO2: a cada 6 meses para inspeção e a cada 12 meses para recarga, mesmo sem uso.
  • Teste hidrostático: a cada 5 anos em qualquer tipo de extintor.

Ignorar esses prazos coloca em risco não só a validade do extintor, mas também a segurança do ambiente.

Multas e fiscalização

Empresas e condomínios que não mantêm os extintores em dia estão sujeitos a multas, interdição do local ou até responsabilização civil em caso de acidente.

A fiscalização pode ser feita por:

  • Corpo de Bombeiros.
  • Prefeitura.
  • Ministério do Trabalho.
  • Seguradoras (em casos de sinistro).

Por isso, manter a recarga em dia é mais do que uma boa prática. É uma exigência legal.

Recarga é diferente de manutenção

Um ponto que costuma confundir muita gente é a diferença entre recarga e manutenção de extintores.

A manutenção é um processo mais abrangente, que pode incluir:

  • Inspeção geral do cilindro.
  • Troca de componentes
  • Teste hidrostático.
  • Lavagem, pintura e substituição de peças internas.

Já a recarga é apenas a substituição do agente extintor por um novo. Em muitos casos, os dois serviços são feitos juntos, mas tecnicamente são diferentes.